sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O parquinho

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Todas as tardes, ela brincava sorridente naquele parque. Perto do pinheiro, acostumava olhar as borboletas coloridas voando além. Pássaros cantando, sementes caindo... E aquelas folhas revoando na campina agreste de um olhar sereno. Tudo vale o que vemos e o que vemos vale quanto queremos. Assim era...
     O sol se inclinava naquelas tardes de primavera. Maria e eu sentávamos atônitos a observar: quanto vale a felicidade? Perguntava-me com voz sombria que só a alma ouvir. E Maria, sem resposta, fitava o lume naquela doce criatura que se curvava a catar migalhas de flores em meio a buquês de majestosa grandeza. Se o acaso tem o rumo da vida, que temos nós senão olhar? E assim era aquele faz de conta. O encanto da uma alma pura dava vida a pedacinhos de paus e caquinhos de frutos.
     Certa manhã, Maria se curvava naquela janela de vidro para olhar a Rua 7 de Março. Lá na calçada, os olhinhos vidrados naquela direção vagavam pelo sereno amargo do não ter. E eu me perguntava: onde está o parquinho?
Há em cada criança uma metade humana e outra metade encanto.